O sistema de pecuária leiteira cross ventilation ou, em português, sistema de ventilação cruzada, é um modelo americano de produção leiteira que visa maximizar a produtividade e oferecer maior bem-estar às vacas.
A utilização de raças europeias para produção de leite a pasto em alguns locais de clima quente e úmido no Brasil não são tão interessantes, pois altas temperaturas podem influenciar no desempenho produtivo, que tende a ser menor.
Entretanto, no sistema cross-ventilation, os galpões onde ficam as vacas são locais onde tem a ventilação, umidade e temperatura controladas. A técnica pode ser empregada com diversas raças, mas é empregada principalmente com gado holandês, já que vacas da raça holandesa estão mais habituadas ao frio do que ao calor, e os equipamentos de ventilação possibilitam maior conforto térmico.
O controle da temperatura também é capaz de aumentar a vida produtiva da vaca, já que evita o acontecimento de doenças que podem surgir com o estresse térmico. Vacas em cross-ventilation podem produzir até 5 litros de leite por dia a mais. Além disso, o sistema tem capacidade de melhoria do bem-estar animal, controle maior de insetos e aves, além do controle do ambiente em que elas estão inseridas durante todo ano, melhorando seu conforto térmico.
Esse sistema só funciona de forma eficiente por conta de três fatores. Uma construção com apenas uma entrada e uma saída de ar, ou seja, bem vedada sem falsas entradas de ar; um sistema de placas úmidas em toda lateral de entrada de ar e um sistema de exaustores capaz de gerar a pressão negativa suficiente para retirar os gases e ar de dentro da construção.
As vacas são ordenhadas de duas a três vezes por dia, em sistema de ordenha espinha de peixe, e sua dieta é baseada em concentrado e silagem de milho, ambos produzidos na Sapé.
Outro ponto importante nesse sistema é o adequado manejo sanitário. Apesar de ser um sistema que oferece maior conforto para as vacas, é necessário lembrar que o acúmulo de matéria orgânica no piso e no ambiente de descanso das vacas pode ser um local propício para proliferação de patógenos. Por isso, é necessário o estabelecimento de rotinas de limpeza dos galpões e da sala de ordenha, para evitar a propagação de doenças infecciosas, como a mastite.
Alguns pecuaristas podem ficar receosos quanto a sustentabilidade do sistema, mas a água utilizada na limpeza dos corredores e higiene das vacas pode ser água de reuso. A energia empregada no galpão também pode ser uma energia limpa, já que a produção de matéria orgânica é alta, pode-se empregar um biodigestor.
Apenas poucas fazendas desenvolvem a pecuária leiteira no sistema cross ventilation no Brasil. O investimento no sistema é alto, mas, a longo prazo, o modelo de produção tende a se tornar autossuficiente, e o retorno é garantido.